A preparação para o Oshougatsu começa bem cedo. Em novembro, as donas de casa japonesas fazem verdadeiras faxinas em suas residências, que chamam de oosouji, uma espécie de purificação. Acredita-se que é preciso entrar no novo ano com tudo limpo. Algumas aproveitam para colocar tatamis novos nas casas e trocar o papel utilizado nas divisórias ou portas corrediças (shouji). A limpeza se estende às empresas, e os funcionários são convocados para, em mutirão, dar uma geral no ambiente de trabalho. Também é costume fazer uma limpeza no segundo dia do ano.
Noite de 31 de dezembro. Em todo o Japão, é possível ouvir os sinos dos templos entoando as 108 badaladas para recepcionar o Ano-Novo. A cerimônia, conhecida como joya no kane, relembra os japoneses dos 108 pecados existentes no homem, segundo o budismo. Mas não são somente os budistas que aderem a essa tradição. Para a maioria dos japoneses, é hora de buscar a purificação e saudar o ano que chega.
O principal prato é o ozouni, uma sopa à base de mochi, vegetais, frutos de mar e, às vezes, carne. Quem come o ozouni no Oshougatsu terá sorte e a graça dos deuses durante o ano. Uma lenda levada pelos chineses ao arquipélago há mais de mil anos afirma que quem comer mochi no Ano-Novo estará comendo o espírito do arroz, enriquecido pelos deuses. O bolinho de arroz que compõe o prato é oferecido aos deuses antes das comemorações do oshougatsu.
Agradecimento aos Deuses
No oshougatsu, não pode faltar o kagami mochi. Feito de dois bolos de arroz (mochis) dispostos um sobre o outro e decorados com papel japonês, folhas de matsu (semelhantes a folhas de pinheiro) e daidai (espécie de laranja nipônica), o kagamimochi é colocado sobre um altar como forma de agradecimento aos deuses budistas e xintoístas, especialmente Toshigami, o deus que, segundo a lenda, costuma visitar as residências no Ano-Novo.
A primeira visita ao templo
Após a meia-noite do dia 1º de janeiro, os japoneses já começam a ir aos templos para fazer orações por saúde e felicidade no novo ano. Essa primeira visita é chamada de hatsumoude.
De acordo com a religião xintoísta, o Sol é o deus mais importante do Universo. A partir dessa crença, nasceu a tradição de que fazer orações no primeiro nascer do sol do Ano-Novo, hatsuhinode, traz alegria e prosperidade para o ano todo.
Feriado nacional
No Oshougatsu, empresas, órgãos públicos, bancos e escolas suspendem suas atividades. Do dia 1º ao 3, o país pára, pois a tradição japonesa diz que nesses dias não se deve trabalhar. Isso porque pode-se espantar o deus da Felicidade. O período é reservado para o descanso, as tradições e recepcionar o novo ano. A maioria das empresas estende essas “férias” por uma semana.
Essa dança, shishimai, tem o objetivo de exorcizar os espíritos malignos. Um homem vestido de leão e um flautista saem pelas ruas, executando uma dança em frente das casas para atrair sucesso material às famílias. À medida que se apresentam, são recompensados com dinheiro.
Caligrafia japonesa
No Oshougatsu, meninos e meninas costumam se divertir com brinquedos que, embora utilizados em outras épocas do ano, possuem um significado especial no período. Os garotos costumam jogar pião (koma) e empinar pipas (takoage), e as meninas jogam peteca (hanetsuki) com suas raquetes, as hagoitas, ricamente decoradas.
Agrado ao chefe
No mês de dezembro, os japoneses presenteiam seus superiores e pessoas a quem devem favores com um agrado. O costume, denominado oseibo, é o responsável por um aumento de até 50% nas vendas das grandes lojas de departamentos do arquipélago.
As crianças japonesas adoram o Oshougatsu. Não é para menos, pois elas recebem de seus pais e parentes presentes em dinheiro (otoshidama), que vêm dentro de envelopes.
Os neganjous japoneses têm a importância dos cartões de Natal para a cultura do Ocidente. Às vezes, são desenhados pelos próprios remetentes. Um dos temas preferidos dos desenhos é o zodíaco chinês que comanda o novo ano que, em 2013, será da serpente.
Proteção contra o mal
Muitas famílias japonesas costumam pendurar o shimenawa nos portões ou nas portas das casas para evitar o mal. Durante o ano, essa decoração — que é feita com uma corda trançada com folhas de matsu — pode ser vista guardando as entradas dos templos xintoístas como uma espécie de limite entre o lugar sagrado e o mundo.
Confeccionado com bambus e folhas de matsu, o kadomatsu simboliza a longevidade e a alegria. O arranjo é colocado na entrada das casas ou em outros lugares estratégicos para trazer boa sorte.
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